terça-feira, 17 de novembro de 2015

A Vida que não Vale nada, a omissão que Vale muito.

"Opinião"
"E você? Quanto vale uma vida, pra você? - Ainda que a vida de pessoas, rios, peixes e água potável não tenha preço, a grande imprensa possui outros interesses econômicos - tendo em vista, que boa parte dos proprietários da Vale, são gordos anunciantes, nos grandes grupos de comunicação - e incluso aí o Governo Federal, que costuma ameaçar quem não joga no mesmo time que ele."
Fábio Marchi

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Em dois dos meus textos, eu disse que é desumano comparar tragédias e expliquei, no meu ponto de vista, porque os franceses não tem culpa da adesão em massa (ainda que virtualmente), da solidariedade brasileira (razão pela qual gerou muito mimimi nas redes sociais - ainda que a França tenha enviado condolências para o Brasil, uma semana antes dos atentados, em Paris).

Nos dois textos, em muitos comentários, vi pessoas se indagando por quê a grande mídia não está dando atenção para essa tragédia, da mesma forma que os atentados em Paris estão sendo divulgados, nestes rincões tupiniquins.

Deixando de lado todo o contexto de um atentado terrorista, de um grupo maluco quepretende atacar o resto do Mundo para impor a sua fé - e que pode com isso, provocar um conflito de proporções mundais, a resposta é bem simples: 

Dinheiro, o velho e bom papel-moeda que compra sangue, silêncio e poder.

Duvida? Então vamos fazer uma breve observação: 50% da Samarco pertence à Vale, e a outra metade, pertence à anglo-australiana BHP Billiton.

Certo…mas e a Vale? Quem comanda a Vale?

A Vale é controlada pela Valepar, com 53,9% do capital votante - e o resto, é distribuído entre o Governo Federal (5,3%), BNDESpar (5,3%), investidores brasileiros (14,8%), ações na Bovespa (16,9%) e 46,2% de investidores estrangeiros.

Acontece que a Valepar, a empresa que CONTROLA a Vale também é toda fatiada: 49% das ações são dos fundos de investimentos administrados pela Previ (Caixa de Previdência dos Funcionários do Banco do Brasil é o maior fundo de pensão da América Latina); A Bradespar, do Bradesco, tem 17,4%; A multinacional Mitsui, um dos maiores conglomerados japoneses, possui atividades que vão de bancos à petroquímica, passando pela Sony, Yamaha e Toyota, e possui 15%; e o BNDESpar, que tem 9,5% do controle, do controle da Vale. (PS: existe ainda na conta, 0,03% da Elétron e do Opportunity - mas que é irrisório, nesse balancete).

Ficou claro? Ainda que a vida de pessoas, rios, peixes e água potável não tenha preço, a grande imprensa possui outros interesses econômicos - tendo em vista, que boa parte dos proprietários da Vale, são gordos anunciantes, nos grandes grupos de comunicação - e incluso aí o Governo Federal, que costuma ameaçar quem não joga no mesmo time que ele.

Ademais, com muita exposição na mídia, é inevitável a geração de questionamentos. E nesses questionamentos, sairão perguntas como:

- Quem faz a fiscalização dessas minas?
- Quais são os critérios dessas fiscalizações?
- Se existe tanta propina realizada dentro do Governo, quem garante que essas fiscalizações são idôneas?
- Quem valida os procedimentos de segurança, dentro dessas minas? Essas normas de segurança estão sendo REALMENTE, seguidas à risca?
- Se o Governo é responsável pela fiscalização e também é ACIONISTA da empresa, não temos aí um conflito de interesses na hora de cobrar e punir os responsáveis?
- Porque tanta quantidade de metais pesados como o mercúrio, para lavagem de minério de ferro, uma coisa que em tese, deveria ser um processo simples? É sabido que metais pesados servem para separar o ouro, de outros metais. Essa mina teria licença para extrair ouro?
- Não havia um plano de contingência, se o pior acontecesse? Ninguém previu uma catástrofe dessas? Nem se um terremoto acontecesse na região?

Enfim, são várias perguntas sem resposta - e boa parte delas, porque simplesmente eles não querem, que esses questionamentos ocorram. Não é economicamente interessante. Terroristas do ISIS não são anunciantes, então tá de boas.

Não interessa se o Rio Doce (aquele mesmo Rio Doce que foi retirado do nome oficial da Vale ), foi declarado oficialmente, morto

Não importa se pessoas e animais morreram, ou ainda, centenas de milhares de pessoas terão muitas dificuldades pela frente - inclusos aí, beber água potável.

Nenhum deles quer saber, se até mesmo o ecossistema de Abrolhos, será atingido pela lama tóxica.

Todos eles estão se lixando, se estamos diante da possível maior catástrofe ambiental no Brasil, nos últimos 100 anos.

Apenas o lucro, e bons negócios importam. E sem repercussão, não há engajamento - pelo menos, não da forma como DEVERIA ser.

O que deveríamos fazer? Atacar naquilo que todo grande canal de comunicação mais teme: AUDIÊNCIA! Boicote total, à imprensa que não divulga nada (ou divulga com desdém) uma tragédia dessas. Eles já estão sentindo o impacto da internet em sua grade de programação, há tempos (Vide Netflix, sites de conteúdo alternativos e Torrents).

Mude sua atitude, que eles mudam. Quer um exemplo? 

Lembra-se quando a imprensa chamava os manifestantes de vândalos? Lembra-se quando o apresentador Datena tomou uma surra em tempo real, quando colocou no ar uma pesquisa, cujo resultado ele teve que engolir à seco? Foi só a população se revoltar contra ESSA imprensa, que eles mudaram o discurso, rapidinho, e se posicionaram, ao lado da população - não pelo fato de que eles respeitam o povo e sua forma de pensar - mas sim - porque anunciante nenhum quer associar sua imagem ou seus produtos, em meios de comunicação mal-vistos pelo povo..e com índices de audiência,em queda livre.

Não veja seus programas. Não acesse seus sites. Mande mensagens de repúdio, para seus editores. Existe um tipo de imprensa que só cai na real, quando os números da audiência caem.

A cidade de Mariana foi coberta de lama tóxica. Jogue um pouco dessa lama, neles. O Rio Doce morreu? Você não! Mostre, que você está vivo!

A Vida para eles, não vale nada - mas para quem realmente se importa, a Vida é inestimável.

E você? Quanto vale uma vida, pra você?

===========================  - Fábio Marchi  -  =============================
Fábio Marchi é designer, fotógrafo, webdeveloper, profissional de marketing e social media, bacharel em Direito, escritor, blogueiro, político e ainda sobra um tempo para ser Diretor de Conteúdo, do Jornal MS Diário.

segunda-feira, 16 de novembro de 2015

A inveja é uma mérde

"Opinião"
"Que culpa tem a França - ou os franceses - se eles conseguem se mobilizar de uma uma forma infinitamente maior e melhor - nas suas tragédias coletivas - que nós? Que culpa eles têm, ao desenvolver uma cultura de valorização do ser humano desde a Revolução Francesa (Liberté, Egalité, Fraternité), tão organizados e maravilhosamente iluminados, a ponto de serem considerados mundialmente, os pais da Democracia Moderna?"

"Fábio Marchi"

FOTO REPRODUÇÃO
Admitam: nós, brasileiros, falhamos na vida.
Calma, não se exaspere, sem ler todo o meu texto. Eu vou explicar:
Apesar de sermos um país “abençoado”, somos um povo invejoso. 

Não é a inveja pelo que não temos, mas pelo que não somos. E acreditem, somos tão invejosos, ao ponto de invejarmos a atenção dispensada, pela tragédia alheia - o que causa muita preocupação: pois quando o povo de um país, passa a sentir INVEJA de todo o rebuliço causado no resto do Mundo, por conta de uma tragédia acontecida emOUTRO país - é porque chegamos ao fim do poço, no quesito “vencer na vida” (na verdade, já passamos desse fim, cavando um belo buraco). 

Que culpa tem a França - ou os franceses - se eles conseguem se mobilizar de uma uma forma infinitamente maior e melhor - nas suas tragédias coletivas - que nós? Que culpa eles têm, ao desenvolver uma cultura de valorização do ser humano desde a Revolução Francesa (Liberté, Egalité, Fraternité), tão organizados e maravilhosamente iluminados, a ponto de serem considerados mundialmente, os pais da Democracia Moderna? 

Lá, quando tragédias como essa acontecem, o povo se mobiliza de verdade, pra valer - incluso aí Governo e Mídia, ambos infinitamente mais sérios e comprometidos, do que nestas bandas. E não estou falando de programas de celebridades com chamadas do tipo “O que vestir e onde ir, em tempos de ataques terroristas” ou pior, posts nas redes sociais “ironizando azhinimigas porque não morreu em Paris”. Se coisas assim acontecem por lá, em momentos como esse, pode esquecer a carreira, viu? Não são raros os casos de celebridades que fazem merda e pedem mil desculpas depois - mas podem observar em todos esses casos: lá, a carreira segue em uma espiral descendente, até o fim. Aqui, coisas banais e esdrúxulas geram mais fama e admiração, né Joelma e Chimbinha?.

E ouso dizer que o comportamento da França é semelhante, em todo país sério - coisa que o Brasil, não é. Le Brésil n'est pas un pays serieux - ironicamente, uma frase criadapor um francês.

Duvidam? Então por acaso você não achou surpreendente que os japoneses, ainda que estivessem passando por privações de comida e água, por conta do tsunami que assolou várias cidades em sua costa marítima - estavam repartindo igualmente porções de água e comida, sem estresse, sem empurra-empurra, sem caos, e sem egoísmo? Não ficou boquiaberto, ao ver que os supermercados japoneses estavam DOANDO seus estoques, e que as pessoas podiam entrar e pegar o que quisessem - e contrariando todas as nossas expectativas brasileiras, elas entravam e pegavam APENAS o que era necessário para elas, naquele momento? 

Em uma reportagem, o jornalista perguntou a uma delas, porque ela não enchia seu carrinho com compras - afinal de contas, isso seria completamente compreensível, em uma situação como aquela - e eis que recebeu, como resposta: 


- Porque outras pessoas também precisam, como eu.

Tal como aqui. Só que não.

A França não tem culpa, por não ter tido ONGs de assistencialismo como LBA (lembram da Rosane Collor?) e LBV, envolvidas com escândalos de corrupção - e que contribuíram enormemente, para que as pessoas se sentíssem desestimuladas em ajudar, nos anos seguintes.

De igual forma, não sei de um caso em que os franceses doassem roupas e alimentos - e que esses alimentos não chegassem para as pessoas que precisassem deles. Aqui, temos casos em que as doações são vendidas para o comércio, pelas próprias pessoas que as arrecadavam. Sim, roupas e alimentos DOADOS, não sendo entregues para quem precisava. Sendo VENDIDOS. VENDIDOS.

A França também não possui uma rivalidade imensa entre suas emissoras de TV, a ponto de ignorar a campanha adversária - e se possível, fazer de tudo para que na campanha dela, ela arrecade menos que a sua. De igual forma, nessas campanhas, as emissoras ou os organizadores não colocam artistas de índole duvidosa, tal como um palhaço-ator que trata mal os seus funcionários ou um jogador de futebol aposentado que nunca quis reconhecer sua própria filha (que morreu sem o carinho do pai) e nem quer saber dos netos - porque ser um EXEMPLO conta muito, quando você quer criar um símbolo crível, para essas campanhas. Quem manja dos paranauê de marketing e comunicação social, sabe que não estou falando nenhuma besteira.

Só para se ter uma noção do quanto somos diferentes, algumas horas depois dos atentados na França, o presidente pessoalmente estava lá, andando sobre escombros e conversando com as vítimas. Aqui, nossa Presidenta fez um sobrevôo de helicóptero, em Mariana. Não andou de barquinho, não colocou o pé na lama.

Lá, o Governo Francês combate com veemência as ações terroristas. Aqui, o Governo Brasileiro apóia a imigração de jihadistas - ou seja, os extremistas islâmicos que defendem matar qualquer um que seja “infiel”, pela sua “guerra santa” (onde em sua cultura, mulher não manda porcaria alguma, e jamais será Presidente de algo). Podem vir bombardear aqui, que somos o povo mais legal e acolhedor do Mundo, viu?

Quando tragédias como essa acontecem por lá, as pessoas oferecem celulares ou qualquer outro meio de comunicação, para que as pessoas possam avisar seus amigos e parentes e assim, tranquilizá-los. Aqui, mandam mensagens SMS pedindo doações em dinheiro, em contas bancárias de bandidos.

É claro, não vou dizer que o brasileiro não tenha bom coração. É claro que temos - e garanto que a maioria da nossa população, em sua imensa maioria (na verdade, a esperança é essa), tenha boa índole e se preocupe, de verdade, com as tragédias alheias, tanto aqui, como acolá.

Mas é que aqui, nós sabemos que as coisas são diferentes. Principalmente, porque alguém vai passar a perna, na sua boa fé e na sua vontade, em ajudar. 

Aqui - em tragédias similares à essa - os blocos políticos Esquerda e Direita se atacam continuamente, um querendo matar ao outro, aproveitando o caos da situação que só se agrava - enquanto lá, eles se unem para resolver o problema, que na verdade, é de todos.

Nós não acreditamos em nós mesmos. E não fazemos o menor esforço, para que isso mude. Admiramos e temos condolência com a tragédia alheia, porque no fundo, sabemos que lá, as coisas funcionam de verdade.

A desilusão é tanta que eu gostaria que você me dissesse qual é a campanha que foi colocada no ar, GRATUITAMENTE, em rede nacional, mobilizando a NAÇÃO, para a tragédia de Mariana. Hashtag #OreporMariana? Isso não alimenta ninguém, kids. Qual é a TV que fez isso? Qual é a rádio que disponibilizou UM MINUTO da sua programação divulgando contas bancárias ou números de doação, para ajudar a cidade? Vamos lá, eu sei que vocês podem! Uma só! Qual é empresa que DOOU parte da sua programação televisiva mensal, tirando sua propaganda do AR, para fazer uma campanha por Mariana? Arrá!

Entendam: não é descaso. É admissão, do nosso fracasso social.

Ainda tem dúvidas? Então vou dar dois exemplos clássicos, duas tragédias que, há décadas - atormentam a população de tal jeito - que já nos tornamos relativamente insensíveis à elas, em algum nível:

Seca no Nordeste e deslizamentos de terra, no litoral Sudeste/Sul.

Sim, elas existem, e são tragédias humanas - mas o resto do povo se importa cada vez menos, a cada ano que passa (quem recebe doações, sabe exatamente do que estou falando). 

A primeira é uma tragédia lenta, gradativa e não sensibiliza a mídia - são pessoas pobres, não são consumidores dos produtos dos anunciantes (boa parte desses locais, nem TV têm) e portanto, não merecem muito interesse pelos órgãos de comunicaçào locais - quiçá, os nacionais. A segunda, por ser uma tragédia sazonal - de época marcada - gera mídia, mas causa estresse no resto da população: afinal, se sabem que isso vai acontecer DE NOVO, porquê não fazem nada? Asifudê, então! 

E por quê não resolvem? Resposta simples: ambas são motes eleitorais e ajudam muito os políticos a se elegerem ou reelegerem-se. A promessa de uma vida melhor e diferente ainda é o melhor cabo eleitoral. Ademais, no Brasil, tragédias infinitas, sem solução, continuadas e persistentes - são uma excelente fábrica de dinheiro. Nosso dinheiro.

Sendo assim, antes de você reclamar que alguém mudou a foto do perfil nas redes sociais pelas cores da bandeira francesa ( porque as redes sociais conseguiram se mobilizar para isso, mais rapidamente do que uma votação de reality show ), dê o exemplo! Mostre que você é o brasileiro ou a brasileira, que fez a diferença!

Mostre o que você já fez pela cidade de Mariana, por exemplo. Mostre a doação que você já fez, seja em dinheiro, comida ou água. Foi lá trabalhar como voluntário(a)? Mostre o quanto você tem moral para cobrar algo, além de reclamar muito, nas redes sociais. Mostre pelo menos a petição virtual que você assinou, pedindo justiça- antes de vociferar que “a gente não liga para as nossas tragédias”.

Todos ligamos, amigos. Só não acreditamos mais, na resolução delas. 

Como mostrar para o Mundo que merecemos atenção e solidariedade para as nossas tragédias, se nós mesmos não levamos a sério, as NOSSAS tragédias? Charles de Gaulle deve estar rindo muito, no túmulo, gritando: Je savais! Je savais! Je savais! (Eu sabia! Eu Sabia! Eu sabia!)

E você ainda vai ficar de mimimi, por causa de amigos que mudaram seu avatar nas cores da França, no FEICE, através de um sistema que o próprio Facebook criou e disponibilizou, através de UM CLIQUE ??? Então convença Mark Zuckerberg para que, na nossa próxima grande tragédia brasileira, ele se comova e assim, disponibilize uma ferramenta semelhante para nós, ok? Aí sim, vai ficar tudo legal, tudo em casa! 

Afinal de contas, só assim - e só isso, um avatar - demonstraria o nosso respeito pelas nossas tragédias, né?

PS: Esse texto, é mais para quem não entendeu meu OUTRO texto, aqui. Se você entendeu, parabéns - vai ganhar um croissant! Virtual, é claro.

===========================  - Fábio Marchi  -  =============================
Fábio Marchi é designer, fotógrafo, webdeveloper, profissional de marketing e social media, bacharel em Direito, escritor, blogueiro, político e ainda sobra um tempo para ser Diretor de Conteúdo, do Jornal MS Diário.
FONTE: http://msdiario.com/

(http://msdiario.com/ver-coluna-blog/a-inveja-e-uma-merde#)

quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

Você viu?

"Opinião"
“Pessoas tão diferentes com mentes tão parecidas.” - CRi - Cri - CRi

REPRODUÇÃO INTERNET
Operação 'raspa tacho' seguiu até o último dia do governo Silval
E a operação 'raspa tacho' não teve limites no final do governo Silval Barbosa. Conforme o Portal da Transparência, além no ex-governador ter recebido o supersalário de R$152 mil no seu último mês, o ex-secretário chefe da Casa Civil Pedro Nadaf (PMDB) recebeu R$ 62 mil, o habitual seria R$ 16,9 mil.

Jorge Lafetá (Saúde) e Cinésio Oliveira (SETPU) receberam, cada um, R$ 39.474,80. Por falar em SETPU, que voltou a ser Sinfra, o rombo na pasta é de R$630 milhões, segundo o novo secretário, Marcelo Duarte.



Ministro de Dilma coloca solução nas mãos de Deus; 'Ele é brasileiro'
O ministro Eduardo Braga (Minas e Energia) disse nesta terça-feira (20) que é preciso contar com Deus para que haja mais chuvas e, com isso, sejam recuperados os níveis dos reservatórios das usinas hidrelétricas, o que garantiria mais tranquilidade no fornecimento.

"Deus é brasileiro. Temos que contar que ele vai trazer um pouco de umidade e chuva para que possamos ter mais tranquilidade ainda", disse ele.
Na coletiva de imprensa houve queda de luz do auditório e o ministro voltou a minimizar o imimente caos energético.

"Essa intercorrência foi do escurinho do cinema". Do jeito que a coisa vai, governo petista, que nunca admite seus erros, não demora muito, vai começar a dizer que tudo não passa de sabotagem tucana. É o fim da picada.

terça-feira, 20 de janeiro de 2015

Mato Grosso. Governo novo, vida nova? O dia 1º de janeiro é a mais luminosa das segundas-feiras

"Opinião"
Se o país fosse uma gigantesca mesa de bar, até renderia um debate interessante.
RODRIGO VARGAS 

FOTO DIVULGAÇÃO
Sabe aquelas promessas que sempre deixamos para colocar em prática numa segunda-feira? Parar de fumar, começar um regime, cortar gastos supérfluos... Quem nunca deixou para a semana que vem o que poderia começar agora mesmo? 

Neste vasto campo, o dos autoenganos ligados ao calendário, o dia 1º de janeiro é a maior e mais luminosa das segundas-feiras. O marco zero. O recomeço. A partir dela, desejamos, tudo vai ser diferente. 

Nos dias seguintes, com raras exceções, a vida lentamente retoma seu fluxo. Mais cedo ou mais tarde, chega a hora de admitir que muitas promessas (em especial, as mais trabalhosas) ficarão para depois. 

Em tempos de governo novo, o fenômeno se torna ainda mais perceptível. Nesses momentos, não são apenas aspirações individuais que entram na lista de desejos. Há também um sentimento de grupo. 

Não por acaso, é justamente no primeiro dia do ano que presidente e governadores começam seus mandatos. Não poderia haver momento melhor para reafirmar promessas e repetir bordões inflamados de campanha. É o clima propício ao ato solidário de acreditar. 

Pedro Taques tomou posse lançando expectativas ao infinito e além: probidade, eficácia nos gastos públicos, conclusão das obras da Copa e combate à violência urbana, para citar apenas alguns temas.
Pedro Taques - Governador de Mato Grosso
Com aquela conhecida veemência verbal, típica de quem já ocupou a cadeira da acusação em tribunais do Júri, o novo governador antecipou sua gestão como um divisor de águas ético, socioambiental, econômico-financeiro e político-administrativo.

Como diria Garrincha, ainda falta combinar com os russos. Nesses primeiros dias, passada a ressaca da posse, a tal de realidade surgiu com força. Não há dinheiro nem solução milagrosa à vista. 
Do que se anunciou até agora, nada de novo. Choque de gestão? Uma simples pesquisa no Google vai relevar que a mesma expressão de efeito é empregada nas posses de governadores e prefeitos ao menos desde a década de 1990. 

Demissão de dois mil comissionados? Ato relevante, mas meramente simbólico diante do impressionante vazio orçamentário deixado pelo governo anterior. Sem falar que é outra medida padrão dos novos governos, juntamente com os manjados contratos de gestão. 

Um dia, ao final de todas as auditorias, ao cabo de todos os procedimentos administrativos, ao término de todos os preparativos, um governo vai ter de surgir. E, para desencanto dos que acreditam em contos da carochinha, não será como o prometido. 

O quanto antes o governador se der conta disso e descer do palanque, melhor para ele e para todos nós. Frases de efeito não ajudam a endireitar viadutos. Maquetes de hospital nunca curaram ninguém.

segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

Executaram um traficante brasileiro. Dilma está indignada

"Opinião"
Excelência, fale apenas por si. A nós, o que nos deixa indignados é o tráfico!

REPRODUÇÃO INTERNET
A execução de alguém é, sempre, um ato de extrema violência, que agride nossa sensibilidade. Na madrugada de ontem, na Indonésia, um cidadão brasileiro sentiu o peso da lei local que aplica a pena máxima para o crime de tráfico de drogas. Há dez anos, Marcos Archer entrara no país com 13 quilos de cocaína escondidos nos tubos de uma asa delta. Apanhado pelo raio-x do aeroporto, conseguiu fugir, mas foi capturado dias depois. Simultaneamente, também foram executados um holandês, um malauiano, um nigeriano, uma mulher vietnamita e uma cidadã do próprio país.


Nossa presidente, a mesma pessoa que sugeriu mediação internacional (por que não foi por conta própria?) para resolver a sequência de crimes contra a humanidade que estão sendo cometidos pelos fanáticos do ISIS, primeiro pediu clemência, depois se disse "consternada e indignada" e, por fim, engrossou ainda mais chamando nosso embaixador em Jacarta para consultas. O Itamaraty afirmou que o fato estabelecia "uma sombra" nas nossas relações com a Indonésia. Excelências, sombrio é o tráfico!

Não é paradoxal? Nem uma só palavra foi dirigida por nosso governo para desculpar-se ante as autoridades de lá pelo fato de um cidadão brasileiro haver tentado levar para dentro do país delas o pó da morte que passeia arrogantemente pelas esquinas, ruas e estradas do Brasil. Foi o governo da Indonésia, com suas leis duras contra o tráfico, que indignaram o governo brasileiro.

Certamente, para cada traficante morto na Indonésia, um país onde esse mal deve ter proporções pequenas, morrem no Brasil dezenas de milhares de seres humanos, vítimas da droga e do ambiente criminoso que em torno dela se estabelece. A pergunta que faço é: o que é melhor? Punir o tráfico com tal severidade que o sentido de preservação da própria vida acabe com ele, ou perder milhares de vidas por ano, executadas direta e indiretamente pelos traficantes? A quem deveria convergir mais firmemente nossa sensibilidade, racionalidade e indignação?

Note-se que nas execuções de ontem havia apenas uma pessoa da Indonésia. As demais eram estrangeiras. Não disponho de estatísticas mais amplas do essa pequena amostra, mas ela sugere que os indonésios não andam muito dispostos a enfrentar a lei local nesse particular.

A leniência com a criminalidade, que se expressa tanto na nossa legislação quanto nas proteções e garantias que oferecemos aos criminosos, transformaram o Brasil numa terra sem lei, a partir do topo da pirâmide social.

Percival Oliveira Puggina
Graduado em Arquitetura e Urbanismo


Divulgação
Em 1985, com a redemocratização, Percival Puggina passou a se dedicar à atividade política, filiando-se à Frente Liberal (hoje DEM) e, posteriormente ao PDS (hoje PP). No primeiro, foi coordenador de bancada na Assembléia Legislativa do Rio Grande do Sul. No segundo, criou e presidiu, durante sete anos, a Fundação Tarso Dutra de Estudos Políticos e Administração Pública, órgão doutrinário do partido no RS. Em 2013 desfiliou-se e não está mais integrado a qualquer partido político.

A partir dos anos 80, dedicou-se, também, à atividade literária, escrevendo, semanalmente para centenas de jornais, revistas, sites e blogs em todo o país. Desde 2006 é, também, colunista dominical de Zero Hora. Em 2002, criou a empresa Texto e Contexto Comunicação Ltda., da qual sócio-diretor. É autor de Crônicas Contra o Totalitarismo, Cuba - a Tragédia da Utopia, Pombas e Gaviões.

Em 2010 foi agraciado com a medalha Simões Lopes Neto, por serviços prestados à cultura estadual e, em 2013 foi eleito para a Academia Rio-Grandense de Letras. É conselheiro do Instituto de Desenvolvimento Cultural e membro da Mesa Diretora da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre. Como leigo católico, foi coordenador estadual do Movimento de Cursilhos de Cristandade, presidiu a Associação dos Dirigentes Cristãos de empresas de Porto Alegre, e se dedicou ao estudo da Doutrina Social da Igreja.

sábado, 17 de janeiro de 2015

Mais uma Ossada Humana é encontrada em Campo Novo do Parecis-MT

"Opinião"
Considerado maior produtor nacional de girassol e pipoca, possui cerca de 42% do território destinado às safras de grãos. Oque acontece em Campo Novo do Parecis-MT, que também se acha muita ossada humana?
FOTO: GAZETAMT
Um funcionário de uma das propriedades Amaggi, encontrou na tarde desta última sexta-feira(16), uma ossada humana. Os ossos estavam em uma mata próximo o Distrito de Itamarati Norte e estavam cobertos com uma manta muito parecida com um edredom. Os ossos foram enviados para Cuiabá, para uma possível identificação. A polícia investiga o caso.
FOTO: GAZETAMT
Exatamente, quatro meses atrás, numa manhã de quinta-feira em dezessete de setembro do ano passado, um pescador encontrou uma ossada às margens do Rio do Sangue na MT-235, a polícia não encontrou documentos com a vítima, somente fotografias 3x4 de uma mulher que estava no bolso da roupa junto aos ossos.

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sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

Aytzinapa - Massacre de Estudantes no México deixa três mortos e 43 desparecidos. O Presidente Peña sabia, o Exército e Polícia Federal participaram do ataque.

"Opinião"
O Governo Mexicano, tem muita experiência em esconder suas atrocidades. Desde 1993, quando os brutais assassinatos de mulheres apoiados pelo Governo Mexicano, pelas Forças Armadas Mexicana e a própria Polícia local, ganharam o mundo com as mortes na Cidade de Juárez no Governo de Carlos Salinas de Gortari. Um Feminicídio que se sucedeu de governo a governo e porém evoluiu. O atual o presidente mexicano Enrique Peña Nieto, permitiu massacres aos estudantes porque o prefeito de Iguala, José Luis Abarca (PRD), não queria que os estudantes atrapalhassem a campanha da sua bela esposa María de Los Ángeles Pineda Villa. Deu um salto grande, despontaram sua frieza política assassina de ponta a ponta do País. Considerado uma das maiores potências do mundo por conta do Tratado Norte-Americano de Livre Comércio (NAFTA), o Governo Mexicano se vê como imbatível, torturando sua própria Nação.

Governo mexicano participou do ataque contra estudantes de Ayotzinapa

Baseada em documentos e depoimentos, investigação jornalística desmente versão oficial sobre o massacre no México e compromete o Exército e a Polícia Federal nas ações que levaram à morte de três estudantes e ao desaparecimento de 43 jovens.
Peña Nieto: administração envolvida em massacre de estudantes no México. Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/ABr
O governo do presidente mexicano Enrique Peña Nieto participou do ataque aos estudantes da escola normal rural de Ayotzinapa na noite de 26 de setembro em Iguala, no Departamento de Guerrero, que resultou em três mortos e 43 desaparecidos. Testemunhos, vídeos, relatórios inéditos e declarações judiciais que constam dos procedimentos da Procuradoria Geral de Justiça de Guerrero mostram que a Polícia Federal (PF) participou diretamente dos fatos.

A versão oficial do governo mexicano é de que o prefeito de Iguala, José Luis Abarca (PRD), supostamente ligado à quadrilha Guerreros Unidos, havia ordenado o ataque para evitar que os estudantes atrapalhassem um evento eleitoral de sua mulher, María de los Ángeles Pineda Villa, no centro da cidade. As polícias municipais das localidades de Iguala e Cocula teriam atacado e capturado os estudantes, depois massacrados e queimados pela quadrilha Guerreros Unidos sem que o Exército e a Polícia Federal tivessem conhecimento dos fatos.

Mas a investigação realizada para esta reportagem, com apoio do Programa de Jornalismo Investigativo da Universidade de Berkeley, Califórnia, revelou uma história bem diferente. Além da Polícia Federal, também o Exército mexicano participou do ataque.

Um relatório inédito do governo de Guerrero, concluído em outubro e entregue pouco depois à administração de Peña Nieto, prova que os estudantes foram monitorados pelos governos estadual, municipal e federal no dia 26 de setembro, desde que saíram da escola, através do Centro de Control, Comando, Comunicaciones y Cómputo (C4), que reúne os três níveis de governo.

Às 17h59 o C4 de Chilpancingo informou que os normalistas estavam saindo de Ayotzinapa em direção a Iguala. Às 20 horas a PF e a polícia estadual chegaram à estrada Chilpancingo-Iguala onde os estudantes tinham feito uma arrecadação de doações. Às 21h22 o chefe da base da PF, Luis Antonio Dorantes, foi informado – pessoalmente e através do C4 – de que os estudantes tinham entrado na estação do ônibus; às 21:40 o C4 de Iguala reportou o primeiro tiroteio aos três níveis de governo.

De acordo com o relatório de investigação preliminar dos fatos, aFiscalía General de Guerrero havia ordenado desde 28 de setembro que a PF informasse “com urgência” se seus integrantes participaram ativamente dos fatos ocorridos em 26 de setembro (entre as 20 horas e o dia seguinte), e, em caso positivo, quantos policiais estavam envolvidos. Também pediu o registro de entrada e saída de pessoal da base de operações da PF, localizada a cinco minutos do lugar do ataque, o número de patrulhas, e o registro do armamento usado entre 24 a 28 de setembro. De acordo com o relatório da investigação prévia (HID/SC/02/0993/2014) a PF nunca entregou a documentação exigida.

Entre os documentos reunidos por essa investigação estão 12 vídeos gravados nos celulares pelos estudantes durante o ataque. Em um deles, a presença da PF está claramente identificada. “Os policiais já estão indo, vão ficar os federais que vão querer nos provocar”, diz em uma das gravações um estudante, no momento em que seu companheiro Aldo Gutiérrez Solano acabava de levar um tiro na cabeça e jazia na rua em uma poça de sangue. Aldo ainda está em coma.
Entre os documentos reunidos por essa investigação estão 12 vídeos gravados nos celulares pelos estudantes durante o ataque. Em um deles, a presença da PF está claramente identificada

Por causa da pressão política, o governo de Guerrero se afastou das investigações em 4 de outubro, que passaram ao controle do governo federal, quando se ocultou a participação da PF e do Exército no ataque. Testemunhos foram manipulados para contribuir com a versão oficial dos fatos. Documentos da Procuraduría General de la República (PGR), obtidos pela reportagem, revelam que pelo menos seis dos supostos integrantes de Guerreros Unidos que testemunharam contra Abarca, policiais de Iguala e Cocula, foram detidos ilegalmente, espancados ou torturados antes de depor. Dois deles são Raúl Núnez Salgado, suposto operador financeiro da organização criminosa, e Sidronio Casarrubias, tido como líder.

A Equipe Argentina de Antropologia Forense, reconhecida mundialmente por sua experiência na localização de corpos dos desaparecidos da ditadura militar na Argentina, informou no dia 7 de dezembro ter identificado um corpo entregue pela PGR como sendo do estudante Alexander Mora. Um dentre os 43 desaparecidos. Mas a Equipe Argentina assinalou que a versão da PF – de que os restos mortais foram encontrados em um rio – não poderia ser verificada porque os técnicos forenses não estavam presentes durante a descoberta do corpo e não puderam analisar a área.


----------O governo os vigiava----------

Do relatório elaborado pelo governo de Guerrero sobre o ataque aos estudantes consta a ficha informativa número 02370, assinada pelo coordenador de operações da Região Norte da Secretaría de Seguridad Pública y Protección Civil de Guerrero, José Adame Bautista, com data de 26 de setembro. Ali se afirma que às 17h59 “o C4 Chilpancingo informou a saída de dois ônibus da viação Estrella de Oro, com os números 1568 e 1531, levando estudantes da escola rural Ayotzinapa em direção à cidade de Iguala…”.

Isso significa que os governos estadual e federal – além do municipal – estavam monitorando os estudantes antes do ataque, já que os três níveis de governo estão presentes no C4 de Chilpancingo e Iguala. Em 2013 houve várias reuniões públicas entre o governador Angel Aguirre e o Secretário de Governo Miguel Angel Osorio Chong reforçando essa cooperação.

Em seu relatório, Adame Bautista escreve que os dois ônibus chegaram às 20 horas à cabine 3 do pedágio de Iguala. Em uma ação coordenada, a polícia estadual, com quatro elementos, e a PF com cinco elementos e três patrulhas sob o comando do oficial Victor Colmenares Campos, “monitoraram” as atividades dos estudantes.

A Polícia Estadual se fez presente no local, mantendo-se à distância dos jovens, que minutos depois decidiram se retirar do lugar sem que se registrasse nenhum incidente ou confronto”, relata o citado documento do governo de Guerrero.

Segundo depoimentos judiciais da investigação preliminar HID/SC/02/0993/2014 e outras testemunhas, Abarca e a esposa saíram da praça central de Iguala às 20h45 e foram jantar com oito membros da família em um restaurante modesto a 15 minutos do centro de Iguala. Quando os estudantes chegaram na estação central eram 9 da noite – e portanto a presença deles não afetaria o evento político, como alega a PGR justificando sua versão dos fatos.

A dona do restaurante, a senhora Lili, confirmou que a família saiu às 22h30 em absoluta tranquilidade junto com as respectivas escoltas e um motorista.

O prefeito de Iguala e sua mulher, irmã de narcotraficantes que atuam em Guerrero desde 2000, foram apontados pelo governo estadual e pela PGR como os principais responsáveis pelo ataque e desaparecimento dos estudantes e detidos no dia 4 de novembro em seu esconderijo na cidade do México. Abarca permanece preso, mas a PGR ainda não conseguiu uma ordem de prisão contra sua esposa.


----------Os estudantes----------

Omar García, líder do Comité de Orientación Política e Ideológica (COPI) da escola normal de Ayotzinapa explicou que este ano sua escola tinha se encarregado de conseguir 20 ônibus para que as escolas normais rurais fossem à tradicional marcha de 2 de outubro que rememora o massacre estudantil de 1968. Antes de ir a Iguala já tinham “capturado” oito ônibus e estavam em busca de mais no dia do massacre. Ao contrário da versão da PGR, afirmou que os estudantes nunca tiveram a intenção de protestar contra o prefeito e sua esposa.

A história da escola normal está marcada pela trajetória do guerrilheiro Lucio Cabañas, que estudou ali e na década de 1960 chefiou o grupo armado Partido de los Pobres em Guerrero. Seu movimento foi perseguido ferozmente pelo governo, particularmente pelo Exército na chamada “guerra suja”, quando ocorreram desaparecimentos e execuções. Desde então a escola é relacionada com a guerrilha e seus estudantes sofrem ataques e abusos de autoridade.

O ataque de 26 de setembro não foi apenas contra os estudantes mas contra a estrutura política e ideológica da escola. Um dos estudantes desaparecidos fazia parte do Comité Lucha Estudiantil (CLE), o órgão máximo de governo da escola normal, e 10 eram “ativistas políticos em formação” do COPI, segundo Omar García.
O ataque de 26 de setembro não foi apenas contra os estudantes mas contra a estrutura política e ideológica da escola

Garcia conta que os estudantes pegaram cinco ônibus. Dois foram em direção ao Periférico Sul e os outros três erraram o caminho. Testemunhas afirmam que por volta das 22 horas viram três ônibus de passageiros na rua Juan N Álvarez e que quando estavam perto da catedral os estudantes começaram a descer. O motorista do primeiro ônibus, Hugo Benigno Castro disse em depoimento judicial que os estudantes desceram para perguntar onde ficava a saída para Chilpancingo.

Foi ali o primeiro ataque. Ouviram-se tiros e as pessoas começaram a correr. O policial municipal Raúl Cisneros declarou que estava no lugar e admitiu que lutou com dois estudantes que supostamente queriam desarmar seu supervisor de turno, Alejandro Temescalco, e ele, por isso fizeram disparos para o ar. Apesar da rua estar cheia de gente não houve feridos. Os estudantes jogaram pedras e afugentaram as patrulhas. Os três ônibus seguiram então em direção a Periférico, já longe do centro, onde a rua é mais escura e pouco movimentada.


----------A Polícia Federal----------

O secretário de Segurança Pública municipal, Felipe Flores Velázquez, em sua declaração judicial do dia 27 de setembro, disse que às 21h22 recebeu uma comunicação telefônica de que os estudantes estavam tomando os ônibus. Afirmou ter ligado imediatamente para Luis Antonio Dorantes, chefe da base da PF, que lhe garantiu que estaria alerta.

O relatório do governo de Guerrero afirma que depois de tomar conhecimento da captura dos ônibus pelos estudantes a Secretaría de Seguridad Pública y Protección Civil do estado “reuniu todo o seu pessoal nas instalações da polícia estadual” e que essa mobilização se deu “diante dos fatos que estavam se desenrolando.”

Às 21h30 os rádio operadores da polícia estadual de C4 Iguala e do Quartel Regional me deram a conhecer que as operadoras do serviço de emergência 066 tinham atendido a uma chamada telefônica em que se advertia que os estudantes da normal rural Ayotzinapa estavam fazendo confusão nas centrais de ônibus Estrella Blanca e Estrella de Oro…”, apontou Adame Bautista em sua ficha de informações. Ele especifica que na chamada se pedia “o apoio das autoridades”.

O C4 está sob o controle da polícia estadual mas há um rádio operador de cada uma das forças: Exército, Polícia Federal, polícia estadual e municipal. As instalações da polícia municipal, da PF e do 27º Batalhão de Infantaria ficam na mesma zona, a uma distância de 3 a 4 minutos do local do ataque. Do C4 se controla a rede de câmeras de vigilância de Iguala, algumas localizadas no centro da cidade, onde ocorreram três ataques, mas apesar de requeridas pela Fiscalía General del Estado, as imagens dessas câmeras nunca foram entregues.
O C4 está sob o controle da polícia estadual mas há um rádio operador de cada uma das forças:  Exército, Policía Federal, policía estadual e municipal

Às 21:40 o C4 de Iguala recebeu o aviso de “disparos de arma de fogo”. Segundo Adame Bautista a polícia estadual não atendeu à contingência por ordem do subsecretário de Prevención y Operación Policial estadual, Juan José Gatica Martínez, e por isso os policiais teriam ficado protegendo as instalações prisionais locais.

Natividad Elías Moreno, rádio operador da polícia municipal de Iguala, explicou em entrevista que o C4 de Iguala está conectado ao Sistema Nacional de Segurança Pública, controlado pela Secretaría de Gobernación, cujo titular é Miguel Ángel Osorio Chong. Afirmou categoricamente que todos os informes que chegam ao C4 são simultaneamente recebidos pela PF, Exército e as outras instituições.

Se nessa noite as informações sobre a ocupação dos ônibus pelos estudantes e sobre o tiroteio chegaram na C4, todas as instituições se inteiraram do assunto?”, perguntaram-lhe na entrevista. “Definitivamente sim”, respondeu o rádio operador.

O Procurador Jesús Murillo Karam afirmou, em 7 de novembro do ano passado, que o “rádio operador da central de polícia de Iguala David Hernández Cruz” declarou que foi Abarca quem ordenou o ataque aos estudantes. De acordo com a cópia obtida da “Orden de los Servicios Operativos de Vigilancia así como de los Servicios Administrativos”, não existe nenhum empregado dessa corporação com esse nome.


----------Vídeos da noite infernal----------

Os estudantes sofreram quatro ataques durante a noite de 26 de setembro e a madrugada do dia 27. Uma operação precisa e bem orquestrada que supera as capacidades de qualquer polícia municipal mexicana.

O segundo ataque ocorreu algumas quadras antes de chegarem ao Periférico. As balas atingiram os vidros dos ônibus e furaram os pneus. Uma patrulha municipal impediu a passagem da caravana dos três ônibus e outras patrulhas ficaram por trás. Alguns estudantes tentaram passar por uma das patrulhas. O estudante Cornelio Copeño disse em sua declaração que esse foi o momento em que seu companheiro Aldo levou um tiro na cabeça e caiu no chão.

O motorista do ônibus disse que o ataque durou mais de 30 minutos. Os doze vídeos obtidos captaram a agressão. Em um áudio sem imagem se ouvem os disparos. Em outro se vê Aldo ao lado da patrulha agitando os braços. Em outra gravação se escuta os estudantes reclamando com os policiais que estavam na parte traseira dos ônibus recolhendo as cápsulas detonadas.


O terceiro ônibus foi o mais atingido. Os assentos e corredores estão manchados de sangue nas fotos tiradas pelos estudantes. Dali se levaram alguns dos 43 desaparecidos.

Em seu depoimento, o normalista Francisco Trinidad Chalma disse que havia cerca de sessenta policiais em volta de 17 ou 18 detidos do lado esquerdo do ônibus. Outros testemunhos dos estudantes falam em mais de trinta policiais “em posição de tiro”. Alguns descreveram que os agressores estavam equipados com joelheiras, capacetes, cotoveleiras e balaclavas acompanhados de uma patrulha que trazia equipamentos para metralhadoras. Investigações mostraram que a polícia municipal de Iguala não usava esse equipamento, que também não está entre os objetos apreendidos pela Fiscalía.
Alguns estudantes descreveram agressores equipados com joelheiras, capacetes, cotoveleiras e balaclavas acompanhados de uma patrulha que trazia equipamentos para metralhadoras

… Eu perguntei aos colegas que estiveram na cena do crime quem os tinha baleado, e eles me disseram que primeiro os policiais municipais usaram uma patrulha identificada para impedir a sua circulação, e que quando alguns colegas ao lado tentaram reduzir para passar pela patrulha chegou a Polícia Federal que disparou contra meus pares, ferindo vários deles …", disse à Fiscalía o estudante Luis Pérez Martínez, que afirmou ainda que os policiais federais estavam recolhendo as cápsulas para não deixar provas.

Uma testemunha entrevistada disse que foi ver o que se passava. Quando chegou, a rua estava fechada por policiais encapuzados, com armas grandes, uniformes escuros e com um detalhe que fixou na memoria: suas calças eram diferentes das usadas pela polícia municipal. Disse que ficou com medo e foi embora.

Os estudantes que estiveram durante os três ataques foram procurados, mas não foi possível localizá-los. Segundo informações, nas primeiras declarações prestadas na manhã do dia 26 eles deram nomes falsos por medo. Depois seus pais os tiraram da escola.

No dia 27 de setembro a PF assumiu o controle da segurança pública em Iguala e junto com o Exército participou da busca aos desaparecidos. Depois do ataque o chefe da base da PF, Luis Antonio Dorantes, e o oficial Victor Colmenares, que vigiou os estudantes quando eles chegaram à estrada, foram removidos do cargo, segundo informações da base policial.

A PGR pôs toda a culpa na polícia municipal de Cocula e de Iguala. No entanto, a base de Iguala tem uma única entrada e saída por onde não passam as pick-ups Roll Bar da polícia municipal que teriam levado os estudantes aos bandidos. Seria preciso embarcar os estudantes na rua chamando a atenção de todos os vizinhos que vivem ao lado da base policial, que disseram em entrevistas não terem visto nada de anormal naquela noite e que estranhavam que os policiais que serviam apenas para controlar os bêbados da cidade tivessem executado aquela operação.

Em depoimentos oficiais, os policiais de Iguala disseram que entre 22h30 e 23 horas receberam ordens para ir à base da PF, onde ficaram até o dia seguinte. Foi nessa hora que ocorreu o terceiro ataque.


----------O terceiro e quarto ataques----------

Às 23h Omar García chegou a Iguala junto com outros estudantes de Ayotzinapa depois de ter recebido um pedido do socorro de seus companheiros. Houve uma hora que os disparos pararam e não se via mais a polícia. Os estudantes chamaram a imprensa e enquanto davam entrevista um comando abriu fogo contra eles a distância. Dispararam a correr, mas muitos ficaram feridos e dois estudantes caíram mortos: Daniel Solís y Yosivani Guerrero.

Omar descreveu os disparadores como “gente treinada” que atacou “em formação” concentrando “os disparos de fogo no lugar em que estávamos”, afirmou. “Havia um tiroteio que vinha de uma altura e depois provenientes a outra altura”. Segundo os exames periciais, havia duas trajetórias de balas: uma de cima para baixo e outra de baixo para cima.

Os atacantes pararam para recarregar e foi essa a oportunidade que os estudantes tiveram para correr.

Junto com esse terceiro ataque houve uma quarta agressão contra um dos ônibus de normalistas que se dirigia ao Periférico Sul. De acordo com o relatório da Fiscalía o ônibus da Estrella de Oro foi atacado no trecho Iguala-Mezcala e ficou com os vidros quebrados e pneus furados. Encontraram pedras com vestígios de sangue e de gás lacrimogênio no veículo.

Também foi atacado por engano um ônibus de jogadores de futebol. Ali morreram mais três pessoas. Ao fim dessa noite, havia seis mortos, 29 feridos por arma de fogo e 43 desaparecidos.

Painel com os 43 desaparecidos de Ayotzinapa. Foto: Leandra Felipe/Agência Brasil
Às 10 da manhã de 27 de setembro, o corpo de Julio Cesar Mondragón, o terceiro estudante assassinado, foi encontrado nas imediações do C4, na zona industrial de Iguala. Tinha o rosto destruído, sem um dos globos oculares e a calça enrolada até a debaixo dos glúteos. Não tinha marcas de tiro, morreu por fratura do crânio segundo a autópsia e por isso pode ter sido um dos estudantes sequestrados dos ônibus.


----------A participação dos militares----------

O secretário da Defesa do governo mexicano, Salvador Cienfuegos, disse aos deputados no dia 13 de novembro que o 27º Batalhão de Infantaria, comandado pelo coronel José Rodríguez Pérez, tomou conhecimento do ataque duas horas depois de ocorrido. Mas não foi isso que aconteceu.

Logo depois do segundo ataque, entre às 23h e meia-noite, o Capitão Crespo, do 27º Batalhão de Infantaria, usando uniforme militar camuflado, chegou à base da polícia municipal de Iguala junto com 12 militares fortemente armados a bordo de duas viaturas. Com o pretexto de que estaria em busca de uma moto branca, Crespo vasculhou todo o local. Mais tarde chegou um aviso de que havia uma moto retida no centro e Crespo foi procurado no Batalhão mas não estava lá. Testemunhas da visita do Capitão disseram que depois que souberam do desaparecimento dos estudantes a conduta de Crespo lhes pareceu ainda mais suspeita.

Uma faixa colocada nos arredores de Iguala no dia 30 de outubro, dirigida a Peña Nieto e supostamente assinada por um narcotraficante conhecido como “El Gil”, responsabilizava entre outros o Capitão Crespo pelo desaparecimento dos estudantes de Ayotzinapa, acusado de trabalhar para o crime organizado.
“Se derem nomes falsos nunca mais ninguém vai encontrá-los”, disse textualmente o comandante militar segundo Omar

Outro comando militar apareceu entre meia-noite e uma hora da manhã no hospital para onde os estudantes haviam levado seu companheiro Edgar com um tiro no rosto. Segundo Omar Garcia, os militares os revistaram procurando armas, fizeram com que tirassem a camisa, depois os fotografaram e pediram seus nomes “verdadeiros”, como explicou Omar: “Se derem nomes falsos nunca mais ninguém vai encontrá-los”, disse textualmente o comandante militar segundo Omar, que entendeu a advertência como ameaça: “Estavam insinuando que iam sumir com a gente, nos deixar em algum lugar”.




----------Torturados antes de depor----------

Documentos provam que, depois que a PGR assumiu as investigações em 5 de outubro, pelo menos cinco supostos integrantes de Guerreros Unidos que fizeram declarações contra Abarca e a polícia municipal de Iguala e Cocula foram torturados pela Marinha e pela PF antes de depor.

Sidronio Casarrubias, acusado pela PGR de ser o líder máximo de Guerreros Unidos, foi detido no dia 15 de outubro entre as nove e dez da noite em um restaurante brasileiro embora a PGR tenha dito que ele havia sido capturado na estrada México-Toluca. Raúl Núñez Salgado, o dono de um açougue em Iguala que costuma organizar bailes na cidade, foi preso no dia 16 de outubro quando saía de um centro comercial em Acapulco; antes do depoimento apresentava mais de trinta feridas em diferentes partes do corpo, hemorragia interna nos olhos, machucados nos ouvidos, hematomas de 12 por 8 centímetros no rosto, e marcas no pescoço, braços e costelas. Fez uma queixa de espancamento contra os marinheiros que o prenderam.
Pelo menos cinco supostos narcotraficantes que fizeram declarações contra Abarca e a polícia municipal foram torturados pela Marinha e pela PF antes de depor

Carlos Canto, conhecido como “El Pato”, professor do Ensino Médio e dono do bar La Perinola, foi detido em Iguala no dia 22 de outubro. Em declaração judicial do dia 29 de outubro disse que foi torturado com choques elétricos e espancamento pela Marinha para acusar uma lista de nomes previamente preparada pelos militares.

No dia 7 de novembro de 2014 o Procurador Murillo Karam apresentou Patricio Reyes Landa, visivelmente machucado, como autor de uma suposta confissão de que havia matado e queimado os estudantes.

Francisco Lozano e Eury Flores foram presos pela Marinha em 27 de outubro em Cuernavaca, Morelos. De acordo com o exame físico da PGR, Flores tinha hematomas nas costelas, no olho, no lábio e disse que queria apresentar uma denúncia contra seu agressor. Lozano tinha uma ferida no tórax e outras marcas e declarou ter sido torturado pelos elementos da Marinha que o prenderam.

O contador Nestor Napoleón Martínez, filho de um funcionário da Secretaria de Saúde de Guerrero, foi detido em 27 de outubro. Ao se apresentar à PGR tinha mais de dez lesões, entre elas hematomas na região do estômago e na área dos testículos. Afirmou que tinha sido ferido durante a prisão.

Vidulfo Rosales, advogado dos normalistas e dos familiares dos desaparecidos, disse em uma entrevista que desde o início os estudantes apontaram a presença da PF nos ataques. E no final de novembro os estudantes acrescentaram novas declarações em seus depoimentos à PGR para incluir a participação dos federais e do Exército nos ataques.

No dia 21 de novembro o juiz Ulises Bernabé García foi convocado pela PGR e voluntariamente contou a visita do Capitão Crespo à base policial municipal, afirmando que os estudantes de Ayotzinapa nunca foram levados para lá, desmentindo a versão do governo federal.

Apesar dos documentos que provam que o governo vigiou os estudantes desde quatro horas antes do ataque, que soube do ocorrido durante todo o tempo e que suas forças de segurança participaram do ataque, até hoje – um mês depois desta investigação ser publicada no México – o governo de Enrique Peña Nieto segue negando os fatos e se recusando a dar uma explicação. Os pais dos estudantes desaparecidos, agora, exigem que se investigue a participação da PF e do Exército.

 Anabel Hernandez é uma das mais respeitadas jornalistas investigativas do México, especializada em denunciar casos de corrupção, narcotráfico e abusos de poder. Colaboradora das revistas Reforma e Processo, sua obra mais conhecida é o livro “Los Señores del Narco”, publicado em 2010. Em 2012, recebeu da Associação Mundial de Jornais e Editoras de Notícias (WAN-IFRA) o prêmio Pluma de Oro de la Libertad. Foi eleita em 2014  pela organização Repórteres sem Fronteiras como um dos “100 heróis da informação”, ao lado de Julian Assange e Glenn Greenwald.